Há dois meses atrás a moradora de Imigrante, Ivane (nome fictício) de 73 anos, foi vítima do estelionato conhecido por “Golpe do PIX”. Os bandidos se passaram por sua filha, Luana (nome fictício) de 43 anos, moradora de Estrela.
Por mensagem, disseram que ela havia trocado de número e que este era o contato da empresa em que trabalhava. Alegaram precisar de uma transferência urgente, pois o aplicativo de seu celular não funcionava.
Ivane conta que a conversa foi tão natural e de costume, que não desconfiou em nenhum momento se tratar de um golpe. “Acredito que eles estudaram as conversas anteriores, pois o jeito era muito parecido com o que nos comunicávamos”, afirma.
Por não possuir o valor, Ivane conversou com o marido que, prontamente, fez a transferência. Os dois só se deram conta do golpe, quando receberam novamente a mensagem, mas desta vez, do suposto filho. “Eu quase desmaiei quando caiu a ficha, mas não tinha o que fazer porque era por PIX. Foi instantâneo, receberam na conta direto”, relata.
A idosa afirma que foi ingênua e que os golpistas se aproveitaram disso. “Dói porque com esse dinheiro eu poderia ter ajudado famílias carentes e, no fim, foi para alguns malandros. A gente aprende com isso. Agora vou ficar bem mais atenta”, salienta.
Insegurança na internet
Luana (nome fictício) conta que a mãe lhe avisou do golpe logo após perceber se tratar de um crime. Os bandidos utilizaram a foto dela em um perfil falso de Whatsapp. O fato fez com que a vítima se sentisse mal pelos pais e insegura quanto às informações disponíveis nas redes sociais.
“Entendi que é importante a gente não expor tanto nossa vida na internet. Temos que ter cuidado nas redes sociais porque isso é um ‘prato cheio’ para os golpistas. É preciso estar atento, inclusive, em quem nos segue no Instagram e Facebook”, analisa.
Luana ressalta que é necessário fazer um contato telefônico com o familiar ou amigo, antes de transferir algum valor. “Não passar informações pessoais a estranhos. Sempre ligue para ter certeza de quem solicitou o dinheiro”, opina.
Pandemia e redes sociais facilitam golpes
Este caso se soma a outras que ocorrem com frequência em Estrela. Conforme o delegado da Polícia Civil, Juliano Stobbe, desde o início da pandemia, houve um aumento de 30 a 50% nos golpes via internet. “A reclusão das pessoas em casa fez com que os bandidos se especializassem nisso”, afirma.
O delegado explica que normalmente os crimes se configuram como estelionato e furto mediante a fraude. No caso de estelionato, a vítima é induzida a entregar valores ou objetos, enquanto no de furto, o autor do crime mediante alguma fraude consegue subtrair dinheiro de uma pessoa.
“Os mais comuns são golpe do cartão clonado, boleto falso, bilhete premiado, inclusive, na internet. A pena máxima nesses casos é de cinco anos, mas como é praticado sem violência dificilmente leva a prisão”, frisa.
Segundo Stobbe, as redes sociais estimulam e facilitam as fraudes, pois a comunicação é mais rápida e porque as pessoas expõem dados que podem ser usados contra elas. “Na maioria das vezes, um fraudador precisa da atitude da vítima. Depois de sofrer um golpe, a recuperação do dinheiro se torna muito difícil”, avalia.
Para prevenir, é importante redobrar os cuidados. De acordo com o delegado, a desconfiança é a palavra-chave para não cair em golpes via internet. “Embora o boletim de ocorrência seja importante, pois ajuda a estabelecer estatísticas, é necessário pensar que, em um mundo competitivo como o nosso, ninguém dá vantagens muito grandes. Por isso, não compra nem transfira nada, sem se certificar de que é verdade”, sugere.
Inauguração do cartório de crimes ambientais
Uma cerimônia marca a inauguração do Cartório Especializado no Combate aos Crimes Ambientais, nesta sexta-feira, 25, a partir das 14h30min, na Polícia Civil de Estrela. Com isso, o município passa a ser o primeiro na região a receber também o selo de Delegacia Amiga dos Animais.
O evento contará com a participação da secretária estadual de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Regina Becker.