Cerca de 40 anos separam a criação da “Banda Municipal” da primeira Turnê da Orquestra de Bom Retiro. Em 4 de setembro, a Orquestra finalizou a sequência de cinco shows pelo estado. Os 18 membros do grupo levaram seu repertório de músicas clássicas, internacionais, MPBs, gaúchas, folclóricas e sambas aos municípios de Três Passos, Mato Leitão, Vera Cruz, Candelária e, por fim, à cidade natal.
Idealizada em 1982, a banda do município participava de festas nos interiores da cidade e comícios políticos. Em 1983, com cerca de 15 músicos, as atividades do grupo foram oficializadas pelo Executivo e passaram a participar dos eventos oficiais. No entanto, o grupo passou a ser chamado de orquestra em 2006.
O maestro da Orquestra, Celso Gauer, 57, participou da fundação da banda. Ele conta que fez a inscrição para participar da iniciativa no momento em que soube das inscrições. “Desde então passei a aprender tudo o que podia sobre música. Fiz vários cursos e hoje, além da orquestra, dou aulas de voz e instrumentos”, relata.
O trompetista do grupo, Arcenio Mattes, 56, também vivenciou os primórdios da banda. Na época, morador da localidade de Faxinal do Silva Jorge, ele ressalta seu amor pela música ao contar que ia aos ensaios a pé ou de bicicleta. “Superei e isso só fortaleceu meu amor pelos instrumentos, por isso queremos levar nosso trabalho onde formos”, afirma.
A música muda vidas
O regente acredita na música como uma solução social. Ele conta que já viu muitos colegas musicistas superarem dificuldades devido à profissão, bem como, já presenciou lindas histórias se formando.
O saxofonista Alexandre Deicke relata que conheceu sua esposa e a maioria dos seus amigos desde que ingressou no mundo da música. Ele participa da Orquestra de Bom Retiro desde 2006. Um tio seu era instrumentista da banda e o convidou para ir assistir os ensaios, e em um destes momentos, recebeu o convite de Gauer para integrar o time.
Graduado em pedagogia e licenciado em música, ele também atua em projetos sociais, como instrumentista da Banda de Estrela e instrumentista suplente da Orquestra de Teutônia. “Foi através da música que decidi ser professor e compartilhar essa arte com as pessoas. A música alcança lugares que nenhuma palavra pode alcançar”, afirma.
Para Alex Petter, instrumentista de trombone, a música se tornou momentos de felicidade. Ele é mestre de obras, mas decidiu participar da Orquestra de Bom Retiro em 2014, e alimentou uma nova profissão.
Há 10 anos no grupo, Denilson Joisson de Oliveira já atuou como percussionista, cantor e cavaquinista. Ele foi o responsável por levar ritmos como samba para a Orquestra. “Sou de raiz e berço do samba e da MPB. Já atuava como músico em grupos de samba e pagode e pude inovar na orquestra”, relata.
Incentivo à arte
Conforme Mattes, levar o nome Orquestra de Bom Retiro a outros locais é uma satisfação enorme. No entanto, ele destaca que espera mais incentivo do Poder Público para que a banda possa ir mais longe. “Vemos orquestra de Teutônia, de Estrela, de Venâncio Aires se apresentando em diversos locais. Levamos o nome da cidade e queremos ser aplaudidos dessa forma também”, ressalta.
Para Gauer, apesar da música ser algo lindo de se fazer, é uma missão viver financeiramente nesta área. Por este motivo, ele atua como professor e possui uma banda própria.
Como solução, o regente acredita que deveria haver uma lei fixa que estabelece diretrizes e verbas para a cultura. “Se os municípios recebessem um valor fixo todo ano para investimento de cultura, seria diferente. Temos, por exemplo, a lei Aldir Blanc, que já viabilizou muitos projetos e deu voz pra muita gente”, destaca.
Futuro da Orquestra
O regente destaca que levar o trabalho do grupo aos outros municípios foi um sentimento indescritível. Desta forma, a Orquestra prevê outra turnê com início neste ano e outros quatro shows em 2023. Outro projeto prestes a iniciar, é a gravação de um DVD com apresentações e ensaios do grupo para auxiliar nas divulgações. A responsável pelos projetos da Orquestra de Bom Retiro é a Nova Produções.
