Após quase dois meses desde o início do Censo 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) enfrenta dificuldades em completar a pesquisa demográfica. Na regional de Lajeado, responsável por 24 cidades do Vale, o trabalho em campo está atrasado diante da falta de profissionais.
Mesmo com processos seletivos complementares há dificuldade em preencher todas as vagas de recenseador. Na última seleção, com 26 vagas, houve apenas 22 inscritos e dez passaram para a fase de treinamento. De acordo com o coordenador do censo demográfico na região, Paulo Ricardo Hamester, a cada dia há desistências, o que impacta no estudo.
Dos 275,4 mil habitantes estimados na região, até o fim de semana foram coletadas informações referentes a 95,5 mil. Esse volume representa 34,69% do total. Pela avaliação do instituto, o ideal seria que mais da metade da população tivesse sido contabilizada nesse período.
“É um cenário desafiador. Além da dificuldade de contratar para o Censo, há incidência maior de pessoas que se negam a responder o questionário”, revela Hamester. Para tentar contornar a falta de recenseadores, o IBGE prevê alterações nos critérios. O novo processo seletivo deve permitir a participação de funcionários públicos e MEIs.
Outra estratégia para incentivar o trabalho em campo é a bonificação por produtividade. O IBGE ainda não detalhou esse formato, mas há expectativa que para acelerar a coleta de dados nas cidades seja oferecido um bônus de até R$ 500. Ainda assim, os envolvidos no Censo 2022 acreditam que não será possível cumprir o prazo até o fim de outubro para concluir o levantamento das informações. O atraso também é registrado em nível estadual e nacional com nova projeção de concluir o estudo em 30 de novembro.
Coleta de dados
O ritmo da aplicação dos questionários varia conforme a disponibilidade de recenseadores. Os dados prévios do IBGE indicam que Sério é a cidade onde o trabalho deve ser finalizado antes mesmo do prazo. Dois profissionais atuam na pesquisa demográfica, diferente de Imigrante, onde das quatro vagas apenas uma foi preenchida.
“Visitei mais de 100 residências, a maioria das pessoas eu conheço, isso facilitou muito o trabalho. Também optei por horários próximo ao meio-dia ou fim da tarde”, comenta a recenseadora Lovani Wolfart, de Sério. Ela e mais um colega coletaram dados de 1.838 moradores dos 1.889 da população estimada.
Abaixo da meta
Noeli Teresinha Doebber é moradora do bairro Montanha, em Lajeado, e pela primeira vez integra a equipe de recenseadores. Apesar das dificuldades iniciais no uso do aplicativo e do mapeamento da área, diz não ter enfrentado maiores problemas na atividade em rua. “Comecei em 1° de agosto com a meta de visitar 500 residências em 45 dias. Ainda não concluí esse trabalho, mas pretendo entregar todos os dados esta semana”, comenta Noeli. Ela observa que em prédio o acesso aos moradores é mais difícil e requer maior insistência.
Entre as pessoas que responderam o questionário está Ari Adolfo Teixeira, 65. Acredita ser importante participar. “Precisamos saber detalhes do nosso país, do estado e do nosso município. Ter informações é fundamental para resolvermos problemas.” Ele relembra outros anos em que o Censo eram feito. “Hoje é diferente, tem um aparelho, mais tecnologia. Antigamente era tudo a mão. As entrevistas duravam mais de meia hora.”