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SAÚDE

Imunização contra influenza atinge 42% da meta na microrregião

Único município a alcançar 50% da população na cobertura vacinal, Colinas utiliza estratégias para levar doses às comunidades. Nos demais municípios, secretarias de Saúde encontram dificuldades para vacinar crianças e idosos

Prioridade é vacinar crianças e idosos (Foto: Karine Pinheiro)

O índice de imunização contra o vírus da influenza segue abaixo do esperado na microrregião. Nos seis municípios, a cobertura vacinal dos grupos prioritários, que englobam gestantes, puérperas, crianças até seis anos, profissionais de saúde e professores, contabiliza a aplicação de 14.922 doses, que corresponde a 42,2% da população, conforme dados do Ministério da Saúde. No estado, a taxa chegou aos 46% do público-alvo.

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe Influenza encerrou na quarta-feira, 31. No entanto, devido à baixa adesão ao imunizante, e por orientação da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a aplicação da vacina segue disponível para todas as pessoas acima dos seis meses de idade enquanto houver doses. Para alcançar a meta de vacinar pelo menos 90% do público-alvo, municípios se organizam para atingir os grupos.

Ainda que as filas para receber a dose do imunizante tenham baixado, a prorrogação da campanha pode mudar o cenário de alta nos casos de influenza, avalia a coordenadora da Sala de Vacinas de Estrela, Ana Carolina Lopes. Segundo ela, a comunidade continua na busca pela vacina, mesmo que em menor proporção. Ela destaca que em algumas semanas, atenderam mais de 130 pessoas.

As principais dificuldades estão em vacinar crianças e idosos. Com 36,4% dos grupos prioritários imunizados, a Secretaria de Saúde de Teutônia destaca que a procura está muito abaixo do esperado, mesmo que as doses da vacina estejam disponíveis em todas as Unidades Básicas de Saúde. Em Fazenda Vilanova, cidade com menor índice, há casos em que os moradores recusam a aplicação do imunizante.

Vacina é a melhor prevenção

Mesmo após o fim oficial da campanha nacional, Magda Zart, de 65 anos, procurou o Posto de Saúde Central de Estrela para fazer a dose da vacina contra influenza. Ela afirma que recebe a dose há mais de uma década. “Sempre faço por prevenção e nunca mais tive gripes fortes, apenas alguns resfriados e sintomas fracos, mas nada grave”, relata.

Todas as Unidades de Saúde do município possuem doses da vacina para aplicação durante o dia. Na avaliação de Ana Carolina, a imunização é a melhor forma de prevenir casos graves da gripe. “Temos mais de uma cepa do vírus circulando. A vacina protege contra elas”, destaca. Ela ressalta que há doses suficientes para toda a população estrelense.

Com estratégias de atendimento aos sábados, a coordenadora destaca que esses movimentos ajudam no aumento da cobertura vacinal. Portando o município planeja mais uma ação no dia 17 de junho, na UBS Central. O movimento também é uma oportunidade de a população atualizar a caderneta.

Imunização está disponível para todos os públicos acima dos seis meses de idade (Foto: Karine Pinheiro)

Mais da metade do público atingido

Com 52,8% do público-alvo vacinado, Colinas aposta nas estratégias que levam as doses aos moradores. A coordenadora da Secretaria de Saúde, Ana Jasper, relata que em atividades como encontro de idosos, eventos e atividades escolares é comum ter pontos de vacinação. Além disso, o município proporciona horário para atendimento aos sábados pelo menos uma vez ao mês.

“Também temos uma estratégia voltada às crianças. Por exemplo, hoje (quinta-feira, 1°) vamos até a Emef Ipiranga realizar a vacinação de pais e crianças durante a entrega de pareceres. Observamos onde a comunidade está para levar imunização”, avalia.

Como está a situação nas emergências

De acordo com o Hospital Estrela, do total de pacientes com sintomas respiratórios, 4% tiveram identificado mais de um vírus na amostra. Deste, 36,4% testaram positivo para VSR (Vírus Sincicial Respiratório), em 27,3% foi confirmado o vírus Influenza A, 27,3% apresentavam Influenza B e 9% tiveram Covid-19.

Nos casos de influenza A e B, a doença é responsável pela maioria dos casos que evoluem para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e que precisam de internação. A casa de saúde estrelense registrou 50 internações durante o mês de maio, sendo 17 crianças e uma gestante. O Hospital Ouro Branco, de Teutônia, confirmou uma internação nos últimos 30 dias.

Cobertura vacinal dos grupos prioritários

  • Colinas – 52,8%
  • Estrela – 47,3%
  • Bom Retiro do Sul – 43,4%
  • Imigrante – 38,4%
  • Teutônia – 36,4%
  • Fazenda Vilanova – 34,9%
  • Total 42,2%

Aporte aos hospitais

Com o objetivo de qualificar a rede de atendimentos a síndromes respiratórias, o governo estadual lançou o programa Inverno Gaúcho com Saúde. A iniciativa prevê repasse de R$ 10,1 milhões aos hospitais para que sejam aplicadas medidas como ampliação dos horários de consultas e vacinação, investimentos em equipamentos para unidades de tratamento intensivo e ações com médicos especializados.

Na microrregião, os hospitais Estrela, da Rede de Saúde Divina Providência, e Ouro Branco, de Teutônia, serão contemplados com R$ 90 mil cada. As casas de saúde foram classificadas como porta de entrada para urgências e emergências. O Hospital Bruno Born, de Lajeado, também receberá recurso no valor de R$ 250 mil.

ENTREVISTA: Guilherme Domingues – médico infectologista do Hospital Estrela 

“Buscar o imunizante é a melhor solução”

Jornal Nova Geração: Como a baixa adesão da vacina impacta o cenário atual?
Guilherme Domingues: Esse ano está sendo atípico. Temos uma quantidade de casos de influenza A e B bem superiores em relação aos anos anteriores. Estamos tendo uma situação que podemos chamar de surto. A baixa adesão à vacina impacta no número de infecções como também no número de pessoas que acabam precisando de internação e que desenvolvem uma forma mais grave da doença.

Por qual motivo há aumento de casos de síndromes respiratórias?
Domingues: A procura abaixo do esperado pela imunização está relacionada ao alto número de internações. Os casos iniciaram antes do inverno, portanto, na mesma época em que iniciou a campanha de vacinação. Mesmo quem fez a dose no início, pode ter contraído o vírus e sentido os sintomas devido ao tempo que demora para a vacina fazer efeito.

Fazer a dose da vacina pode mudar o cenário atual?
Domingues: A vacina pode sim mudar esse impacto. Ainda temos um inverno pela frente e buscar o imunizante ainda é a melhor solução para enfrentar esse período. Também é necessário planejar para o próximo ano e evitar a repetição deste cenário.

Além da vacina, quais são as principais formas de prevenção?
Domingues: Manter uma boa alimentação, evitar locais fechados e com aglomeração, higienizar bem as mãos e utilizar álcool em gel. Pessoas que estão doentes devem fazer uso da máscara, pois isto reduz as chances de transmissão de vírus. Em casos infantis, crianças com sintomas de gripe, se possível, devem ficar em casa e não ir à escola ou à creche, principalmente se houver febre.

Como está a capacidade de atendimento no hospital e as principais dificuldades?
Domingues: No último mês, as emergências estavam no limite. Tivemos situações de lotação. No entanto, conseguimos manter o atendimento, principalmente às crianças. Tiveram momentos difíceis com crianças internadas e não estávamos esperando por isso neste ano e principalmente nesta época. Felizmente não coincidiu com grande número de adultos internados.

É possível que a gripe esteja mais forte?
Domingues: Os principais sintomas são febre alta que pode durar de cinco a seis dias, dor no corpo, dor de garganta e cabeça, além de coriza e espirros. Caso mude o padrão de febre e ela volte com o passar dos dias, ou falta de ar ou cansaço extremo, o paciente deve ficar atento e buscar atendimento, pois pode ser indício de outras infecções/complicações.

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