Jornal Nova Geração

ESTRELA

Inauguração de unidade aponta mudança estratégica na Languiru

Em meio à crise no setor de suínos e aves, cooperativa apresenta investimento de R$ 40 milhões em estrutura de armazenamento de grãos. Empresa estuda levar fábrica de rações para o complexo junto ao Porto de Estrela

A Cooperativa Languiru inaugurou a unidade de recebimento de grãos, nessa sexta-feira, 16, o que marca uma nova proposta nas atividades da empresa. Localizada nas proximidades do Porto de Estrela, a estrutura abre a possibilidade de uma mudança de patamar no aspecto logístico. O espaço conta com maior capacidade em relação ao local onde hoje é feito o armazenamento, na fábrica de rações da cooperativa.

Ao todo são dez silos verticais metálicos, um armazém graneleiro, dois secadores de grãos, balanças rodoviárias, prédios anexos para depósito de ensacados, farelos, insumos e grãos em geral, e ponto de venda para o associado. Dentro do investimento de R$ 40 milhões, estão melhorias em alguns setores que estão desativados.

A aquisição também visa superar a crise relatada pelo presidente da cooperativa, Dirceu Bayer, nas últimas aparições públicas. “Mesmo tendo 45 unidades estratégicas dentro da cooperativa, implantadas para ter mais estabilidade e consistência nos momentos de crise, os dois anos pós-pandemia nos mostraram que esse sistema não tem sido a solução.”

Reutilização do espaço

A aquisição da área antes pertencente à Agropan, de Tupanciretã, foi definida por Bayer como uma “reengenharia da cooperativa” e uma “grande oportunidade”. Ele lembrou do funcionamento do porto e que as estruturas dos silos são ligadas ao complexo portuário de forma subterrânea. “Nós tomamos a iniciativa de assumir essa estrutura, agora temos que viabilizá-la”, acrescentou.

Está nos planos da Languiru levar a fábrica de rações para o complexo nas imediações do porto, pedido reiterado na manifestação do prefeito de Estrela, Elmar Schneider. A estrutura, também localizada no município, possui capacidade de armazenamento para apenas um mês de estoque. Os silos e o armazém graneleiro podem manter um volume de grãos equivalente a ano de consumo.

“Redenção da cooperativa”

O gestor destacou que o novo empreendimento abre perspectivas para manter a sustentabilidade dos negócios. “A partir de agora essa é a nossa grande esperança. Ao mesmo tempo que soubemos da situação difícil agora, temos muita expectativa daqui para frente.”

Ele falou do investimento de R$ 150 milhões na modernização do parque industrial, mesmo em um momento de “dificuldades e prejuízos”, o que amplia a possibilidade de exportações, além da aquisição da unidade de armazenamento. “Vai ser, sem dúvida nenhuma, a redenção da nossa cooperativa. Acreditamos seriamente nisso”, concluiu.

Entrevista | Gabriel Souza

“Temos que transformar essas crises em oportunidades”

Poucos dias antes de assumir como vice-governador do estado, Gabriel Souza participou do evento que apresentou a estrutura adquirida pela Languiru. Ele falou sobre os desafios da cooperativa, a importância do investimento, a proximidade com o porto e como isso pode impulsionar a operação fluvial.

A Hora – Qual a importância da retomada no uso desta estrutura?

Gabriel Souza – Na verdade é um dia importante para o setor primário e para o cooperativismo gaúcho, com a Languiru, uma cooperativa com 65 anos de história, que faz um investimento de R$ 40 milhões para fortalecer a presença no ramo de grãos. As commodities são fundamentais para o agronegócio, que é produtor de soja, milho e trigo, e naturalmente isso tem conexão com as atividades da proteína animal. Enquanto médico veterinário de formação, fico muito feliz em ver o setor primário se desenvolvendo no Rio Grande do Sul.

– Como você avalia o momento difícil que a cooperativa relata?

Souza – O setor de suínos e aves está vivendo uma crise, que infelizmente são inerentes às atividades econômicas sazonais. Temos que transformar essas crises em oportunidades, nesse clima positivo que estamos aqui, com uma mensagem otimista à população e a cooperativa. Espero que tenhamos boas soluções no sentido de colaborar com a Languiru, inclusive temos reuniões marcadas com o governo de transição e o Banrisul, para entender como podemos ajudar a viabilizar a superação desse momento difícil.

– Na sua avaliação, a instalação desta unidade pode melhorar a utilização do porto?

Souza – Este é um equipamento que tenho um carinho enorme, porque sei da importância para o estado. Desde a inclusão no programa Cresce RS só vimos o porto crescer e atrair investimentos. Espero voltar e que tenhamos navegação, carga e descarga de produtos, não só primários, mas também industrializados. Entendemos, o governador Eduardo e eu, que a hidrovia é um potencial gaúcho. O governo Ranolfo está investindo R$ 60 milhões, boa parte desse recurso na dragagem e aumento da calagem dos rios navegáveis, e o Porto de Estrela tem que estar incluso nesse pacote.

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