O aumento dos casos de dengue deixa a população e, principalmente, pais e profissionais da saúde em alerta. Conscientizar a comunidade sobre a necessidade da prevenção e demais cuidados relacionados ao extermínio de larvas e mosquitos é fundamental no combate à doença.
Para falar sobre o assunto, as coordenadoras de Vigilância Epidemiológica dos municípios de Lajeado e Estrela, Juliana Demarchi e Carmen Henschke, foram as convidadas do “Nossos Filhos”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. As respectivas cidades apresentam o maior número de casos de dengue no Vale do Taquari.
Segundo Juliana, em Lajeado há presença significativa do vetor em todo o município. Igrejinha, Planalto, São Bento e Jardim Botânico são os bairros com casos positivos. “Lajeado sofreu muito em 2022 com quase quatro mil casos confirmados. Tivemos esse pico na metade de março, por isso estamos atentos à sazonalidade e buscando evitar um número como esse”.
Já em Estrela, detalha Carmen, o índice de infestação aumenta consideravelmente desde 2021, quando 121 casos foram confirmados. Em 2023, a cidade fechou o ano com 920. O município apresenta casos em todos os bairros, com destaque para Imigrantes, Cristo Rei e Moinhos. Alto da Bronze, Nova Morada e São José são os únicos locais que ainda não apresentaram nenhum índice.
As profissionais frisam que mais de 80% dos focos são encontrados em residências habitadas e não em locais abandonados. “Isso ocorre porque a fêmea precisa estar próxima dos humanos para dar continuidade a espécie”, afirma Juliana. Garrafas e tampas, cascas de ovos, ralos abertos e vasos de plantas são pontos favoráveis para que os ovos possam eclodir.
Nesses ambientes o controle é feito com inseticidas. “O uso dessa substância mata os mosquitos adultos que estão no local durante a aplicação. A desvantagem é que as larvas não são eliminadas. Por isso, ressaltamos a importância de manter reservatórios de água limpos e tratados com cloro, além de evitar focos de água parada”, reforça Carmen.
Combate a doença
“Hoje, a nível de estado, o combate ao vetor é a única forma de evitar a proliferação da doença”. A coordenadora de Vigilância Epidemiológica de Lajeado destaca que a dengue atinge todas as faixas etárias, mas os extremos das idades merecem maior atenção aos sinais e sintomas.
“É muito comum que as pessoas confundam casos de dengue e covid-19, por isso ressaltamos que dengue não tem sintomas respiratórios. A doença apresenta um caso bem clássico que, em 95% deles, inicia com febre alta, seguida de dor no corpo e de cabeça. Esses podem vir acompanhados de náuseas e vômitos”. A indicação profissional é que, nos primeiros sintomas, pontos de atendimento sejam procurados para que o diagnóstico seja feito da maneira mais adequada e assertiva.
No caso dos pequenos, essa manifestação pode vir apenas com o quadro febril. “Em situações com quadros clínicos inespecíficos alertamos para atenção redobrada. A evolução para uma fase crítica da doença é rápida e sem sinais prévios. Por isso, a importância do acompanhamento médico”, reforça Juliana.
Para o cuidado com as crianças, e demais pessoas, a recomendação é manter a hidratação e, principalmente, o uso de repelentes recomendados pelo Ministério da Saúde e certificados Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “O mosquito pica no início da manhã e no final da tarde, então esse produto precisa ser obrigatório dentro das casas, presente na rotina ao sair de casa lembrando de reaplicar ao longo do dia”, frisa Carmen.
Vacinação
Conforme Juliana, a previsão para a chegada dos imunizantes Qdenga, produzidos pelo laboratório japonês Takeda Pharma, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é entre 2025 e 2026. “Estamos acompanhando os processos para a aquisição. Nesse momento, por conta da limitação de doses, apenas os municípios em estado de extrema alerta de casos irão receber”