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Lesões corporais contra mulheres aumentam 46% na microrregião

Alta nos registros supera a variação em nível estadual, que foi de 9,3%. Casos midiáticos, como o da apresentadora Ana Hickmann, contribuem para dar mais visibilidade ao debate

Atuação da Patrulha Maria da Penha, vinculada à Brigada Militar, faz parte da rede de apoio para as mulheres. Crédito: Julia Amaral

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) divulgou na primeira segunda-feira de dezembro os dados referentes à criminalidade no mês de novembro. O número mais chamativo foi no aumento de casos de lesão corporal contra mulheres. Em nível estadual, ao longo de 2023, os registros aumentaram 9,3%, na comparação com o período entre janeiro e novembro de 2022. Enquanto isso, na microrregião, o salto foi ainda maior: 46,6%.

Os casos de ameaça foram na contramão das estatísticas do Rio Grande do Sul. As notificações deste tipo de crime subiram 6% no Estado, e no grupo dos seis municípios – Bom Retiro do Sul, Colinas, Estrela, Fazenda Vilanova, Imigrante e Teutônia – houve redução de 15,7%. O crime de estupro, no recorte microrregional, teve aumento de 5%, e passou de 20 para 21 registros no período.

Conforme o levantamento da SSP, o mês de dezembro é o que teve o maior número de casos de lesão corporal na microrregião. A psicóloga do Centro de Referência de Atendimento à Mulher (Cram), Natália Sulzbach, aponta que o período de festas de fim de ano tem a característica de apresentar uma crescente nos casos.

“É um período mais sensível para todos, marcado pelas finalizações, maior contato com a família, busca por solução de conflitos, mudanças, questões financeiras e também o uso de bebida alcoólica. Tudo isso somado potencializa o surgimento de conflitos, principalmente familiares, e, logo, que envolvem violência doméstica”, argumenta.

O Cram em Estrela foi inaugurado em março de 2022 como uma opção para que mulheres possam acessar com mais facilidade uma rede de apoio, em especial, nos casos de violência. Natália diz que existe uma preparação para atender à demanda. “O trabalho segue da mesma forma, observando também esse aumento de casos, e com essa característica de serem casos mais delicados, sensíveis, atravessados por esse momento de final de ano.”

Repercussão nacional

O caso da apresentadora gaúcha Ana Hickmann, que denunciou em novembro uma agressão do marido, ganhou visibilidade e trouxe o debate à tona. A psicóloga acredita que situações midiáticas contribuem para o aumento das denúncias.

“Casos como esse, ao se tornarem visíveis e representados por alguém que tem influência, trazem à tona a temática, oportunizando debates, reflexões, orientações e até mesmo o processo de observar as próprias relações. Assim, ao se sentirem representadas e conhecendo possíveis caminhos, as mulheres podem optar por dar primeiro passo”, conclui.

Casos na microrregião

* Números da Secretaria de Segurança Pública (SSP) utilizam o recorte entre os meses de janeiro e novembro para estabelecer o comparativo com o ano passado.

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