Jornal Nova Geração

Opinião

Airton Engster dos Santos

Os ecos da abolição em Estrela: memórias de resistência e liberdade

Após a assinatura da Lei Áurea, cujo anúncio chegou a Estrela em 26 de maio de 1888, foi realizado um sermão na Paróquia Santo Antônio em celebração à abolição da escravatura.  Contudo, a vida dos recém-libertos permaneceu desafiadora. Sem recursos ou apoio, muitos ex-escravos foram viver em áreas remotas, conhecidas como “cafundós”, ou em locais mais próximos, como o bairro Oriental.  Com a liberdade, foram forçados a aceitar trabalhos extenuantes e de baixa remuneração, ocupando a camada mais desfavorecida da sociedade. Ainda assim, a abolição não foi esquecida: por muitos anos, o 13 de maio foi comemorado na cidade, como mostra uma fotografia de um churrasco em homenagem à data, presente no Álbum do Cinquentenário de Estrela. Essa celebração traz à memória o impacto transformador e as cicatrizes de um período marcado pela luta por dignidade e liberdade.

O intendente que modernizou Estrela 1909-1924

Manoel Ribeiro Pontes Filho, intendente de Estrela entre 1909 e 1924, marcou sua gestão como a mais longa da história municipal, totalizando 15 anos e 15 dias. Uma de suas maiores conquistas foi a concessão para produção de energia elétrica, formalizada em parceria com a firma Ruschel e Irmãos em 1914. Seu governo foi responsável pela fundação da Escola Vidal de Negreiros em 1920, quando o município doou o terreno e o governo estadual construiu o prédio. Outro ponto significativo foi seu esforço pela nacionalização dos habitantes da cidade, incentivando o uso da língua portuguesa.  No campo da infraestrutura, o intendente trouxe avanços como a construção de estradas, a emblemática ponte baixa que ainda hoje leva seu nome, ligando o bairro Oriental ao Centro, e a reorganização dos passeios públicos.  No fim do mandato, Pontes Filho inaugurou o antigo Porto de Estrela em 15 de outubro de 1924, fortalecendo o comércio e o transporte da região.

Avanços e desafios em Estrela 2017-2020

Durante seu segundo mandato como prefeito de Estrela (2017-2020), Carlos Rafael Mallmann promoveu importantes melhorias na infraestrutura urbana e na qualidade de vida da população. Investiu na pavimentação de ruas de diversos bairros, melhorando a mobilidade e a segurança, além de modernizar a iluminação pública. A conclusão do Posto de Saúde Central destacou-se como uma obra essencial para o atendimento médico, beneficiando diretamente os moradores. Além disso, a revitalização da Escadaria do Rio Taquari continuou a transformar o espaço em um atrativo turístico e ponto de lazer para a comunidade. O prefeito também deu atenção à educação, valorizando o conhecimento e o envolvimento comunitário. A realização da Feira do Livro foi um marco de sua gestão, incentivando a leitura e a formação intelectual.  No campo cultural, as festividades natalinas cresceram em importância, com a iluminação de Natal e os eventos no Parque Princesa do Vale atraindo milhares de visitantes. No último ano de seu mandato, Mallmann enfrentou o desafio da pandemia da Covid-19, que trouxe incertezas e exigiu decisões difíceis, como o fechamento temporário da cidade.

 

A chegada da República em Estrela: um marco de esperança e transformação

A notícia sobre a Proclamação da República no Brasil chegou a Estrela no dia 23 de novembro de 1889, aproximadamente uma semana após o acontecimento histórico. Transmitida por telegrama enviado pelo governador do Rio Grande do Sul, a informação causou impacto imediato nas lideranças locais e despertou grande curiosidade e reflexão entre a população. Demonstrando apoio ao novo regime, a câmara municipal de Estrela prontamente respondeu à comunicação oficial, enviando telegramas de congratulações ao Chefe do Governo Provisório, Marechal Deodoro da Fonseca, e ao governador do Rio Grande do Sul, Visconde de Pelotas. Esse gesto simbolizava o alinhamento do município com os ideais republicanos e refletia o desejo de se integrar à nova ordem política que começava a se desenhar no país. A adesão oficial ao novo governo representava, também, uma reafirmação do compromisso das lideranças locais com o progresso e o bem-estar da comunidade, agora sob o espírito republicano.

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