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COLINAS

Medo de nova tragédia mobiliza comunidade

A partir da denúncia de crime ambiental, confirmado pela Patram, moradores buscam apoio junto ao Ministério Público para interromper abertura de vegetação na Linha Ano Bom. Argumento é que município emitiu licença sem estudo de impacto

Polícia ambiental esteve no local após denúncia e verificou que houve crime contra a flora, com a abertura de acesso a um mirante. Foto: Reprodução

Um grupo de moradores da Linha Ano Bom prepara ação civil pública contra a abertura de estrada para acesso a um mirante, nas proximidades da Lagoa da Harmonia, em Teutônia. Existe grande preocupação com a segurança do local e a lembrança remete a uma tragédia ocorrida há mais de 20 anos. A existência de animais silvestres na área de preservação ambiental é outro argumento para as reclamações.

A primeira ocorrência foi registrada em agosto, quando uma equipe do Batalhão Ambiental esteve no local a partir de uma denúncia anônima e atestou crime ambiental contra a flora. Conforme o órgão, foi utilizada escavadeira hidráulica para remoção da vegetação nativa. Foram retiradas árvores como camboatá, canela, pitangueira, entre outras, em uma área estimada de 700 m².

Em contato com o setor de Meio Ambiente de Colinas, foi informado que não existia licença ou autorização para intervenções no local. No mês de novembro a investigação foi prorrogada por mais 90 dias, para que o município tivesse tempo hábil para fazer vistorias no local. A administração confirmou o fato e indicou ao proprietário a elaboração de um projeto de recuperação de área degradada.

De forma paralela, os vizinhos da obra acionaram o Ministério Público (MP) e apontaram que a obra havia reiniciado com licença ambiental emitida. O questionamento é sobre a legalidade da licença e a segurança da obra e do local, por se tratar de um morro muito alto, íngreme, com mata nativa fechada e muitas rochas.

Os moradores argumentam que não houve estudo de impacto ambiental. Na semana passada, foi protocolado na prefeitura de Colinas um abaixo-assinado com cerca de 40 assinaturas. A preocupação aumentou após os Bombeiros Voluntários de Teutônia emitirem um alerta de deslizamento, que abrange a área do município vizinho.

Medo faz parte da rotina

Enquanto a promotoria não apresenta providências para interromper a atividade, a família Meyring convive com os riscos que a obra oferece. “Toda vez que chove em grande volume, ou com muitos trovões, ficamos atentos por causa dos deslizamentos”, conta o agricultor Irno Meyring. Ele também lembra de uma tragédia ocorrida nas proximidades no ano 2000, quando uma família morreu após a casa ser soterrada. “Não queremos que isso aconteça conosco”, finaliza.

Entenda o caso

Em 12 de outubro de 2000, a cerca de um quilômetro do local investigado, um deslizamento de terras causou a morte de três pessoas da mesma família, na Linha Harmonia, em Teutônia. Moradores das proximidades afirmam que as constantes intervenções nos morros e áreas de mata nativa deixam a região vulnerável, sem que haja estudos geológicos para verificar os impactos das ações.

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