Jornal Nova Geração

HABITAÇÃO

No Vale, há mais de 23 mil pessoas desalojadas e mais de 2 mil casas destruídas

Enquanto não é possível a volta para as residências ou a construção de novas moradias, famílias permanecem nos centros de acolhimento, com demanda, em especial, de roupas e alimentação

Crédito da imagem: arquivo Grupo A Hora

Os temporais e a cheia que atingiram o Vale do Taquari no início do mês deixaram mais de 23,3 mil pessoas desalojadas, 2,2 mil em abrigos e mais de 2 mil casas destruídas. Os municípios ainda trabalham no levantamento de residências condenadas devido às condições estruturais. Em muitos casos, toda a estrutura foi destruída.

As prefeituras avaliam os danos e criam um plano para a habitação. Mas, enquanto não podem voltar às residências ou aguardam a construção de novas casas, as famílias permanecem nos abrigos por tempo indeterminado. Diante deste cenário, a necessidade por alimentação é diária, assim como roupas de inverno, itens de higiene e cobertores.

Roupas de frio

A busca por agasalhos adequados para os atingidos pela enchente se torna uma batalha diária. As doações chegam, mas calças, moletons e casacões masculinos estão em falta. São necessárias peças de todos os tamanhos.

Em especial os homens sentem dificuldade de encontrar peças do tamanho adequado. Jeans estão entre os itens mais necessários. Acolhido no Ginásio do Centro Esportivo Municipal, em Lajeado, Nilson usa um único moletom fino e uma calça batida. “Não tem roupa que caiba. Eu uso calça 38, sou de estatura menor”.

Ele está abrigado com outras oito pessoas e, na família dele, três necessitam de peças de frio, inclusive os garotos mais jovens. Faltam tênis e chinelos, para que possam utilizar com meias, na carência de calçados fechados.

Cozinha Solidária

Desde a primeira enchente do mês de maio, voluntários se dedicam a auxiliar os municípios, em especial, com a alimentação. Entre as iniciativas, está a Cozinha Solidária – Vale do Taquari, que utiliza a cozinha da Univates para produzir marmitas entregues aos abrigos. Todos os dias são produzidas mais de 2 mil refeições, que são distribuídas em diferentes municípios da região.

O Rotary Club de Lajeado, assim como outros clubes de serviço também se dedicam à confecção de refeições. Entre os desafios encontrados por eles, no entanto, os voluntários citam a comunicação com os abrigos para entender a demanda de cada local.

Nilson usa um único moletom fino e uma calça batida. “Não tem roupa que caiba. Eu uso calça 38, sou de estatura menor”.

Aplicativo liga abrigos e voluntários

Essa dificuldade também foi percebida em outros locais do estado e, por isso, foi criado um aplicativo para ligar os abrigos aos voluntários e entregadores. Chamado de “ACCTION”, contém uma lista de abrigos cadastrados pelos próprios voluntários ou coordenadores. Uma vez cadastrado, o abrigo já estará apto a receber as marmitas.

Desta forma, é possível conferir por meio do aplicativo, as necessidades de cada local de acolhimento e combinar a entrega e logística. A iniciativa está disponível em todo o estado, mas municípios do Vale ainda não foram cadastrados. O cadastro é gratuito e qualquer integrante da organização dos abrigos pode fazer.

Habitação

Em Lajeado, o levantamento de casas destruídas pela enchente ainda é contabilizado. Para atender a demanda, o município reabriu o Centro Especial de Apoio aos Atingidos pela Cheias (CEAPAC).

Os serviços ofertados são: Cadastro Único – atualização ou novo cadastro; inscrição para o programa estadual Volta por Cima; solicitação do FGTS; atestados de justificativa de residência em área atingida; aluguel social, serviço de hidrojato de água, material de construção, solicitação de móveis.

De acordo com a Secretária de Trabalho, Habitação e Assistência Social do município, Céci Gerlach, a pasta vai proceder com a inscrição para novos imóveis, à medida em que os acordos entre os três entes federados se efetive. Segundo a secretária, não há uma previsão para as famílias saírem dos abrigos.

Em Cruzeiro do Sul, o Secretário de Assistência Social e Habitação, Adeildo Mello de Matos, afirma que o setor de engenharia da Secretaria de Planejamento está mapeando as casas destruídas. Além disso, está sendo feito o mapeamento de outra área para a reconstrução dessas residências fora da área de risco e inundação.

Auxílio do governo

O governo federal também deve anunciar um auxílio financeiro para pessoas físicas. O valor ainda não foi definido, assim como a forma de pagamento, mas pode chegar a R$ 5 mil por família desabrigada no estado.

Números

Teutônia
Pessoas desalojadas: 13
Pessoas em abrigos: 13
Casas destruídas: Nenhuma

Lajeado
Pessoas desalojadas: prefeitura ainda faz o levantamento por meio de um cadastro disponível
Pessoas em abrigos: 358 famílias e 928 pessoas
Casas destruídas: prefeitura ainda faz levantamento

Arroio do Meio
Pessoas desalojadas: 11,4 mil
Pessoas em abrigos: 600
Casas destruídas: mais de 1 mil

Encantado
Pessoas desalojadas: entre 4 e 5 mil
Pessoas em abrigos: 794
Casas destruídas: Defesa Civil de Encantado faz o levantamento

Cruzeiro do Sul
Pessoas desalojadas: 5.722
Pessoas em abrigos: 435
Casas destruídas: mais de 1 mil

Marques de Souza
Pessoas desalojadas: 244 desabrigados
Pessoas em abrigos: 906 desalojados
Casas destruídas: não há dados divulgados

Taquari
Pessoas desalojadas: 805 famílias
Pessoas em abrigos: 143 famílias
Casas destruídas: município ainda faz levantamento

*Até o fim da edição, Estrela e Venâncio Aires não haviam divulgado os dados

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