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CONEXÃO

Páginas do primeiro jornal de Estrela viram arquivos digitais

Exemplares de O Paladino, que circulou entre 1921 e 1941 na cidade, passam por catalogação e digitalização feitas por historiadores da Univates

Mariza Maria Feldens Schwertner preserva o legado patrimonial do O Paladino, colecionado pelo marido. Foto: Bibiana Faleiro

O segundo jornal mais antigo do Vale do Taquari carrega, em especial, a história de Estrela, e também da região. Com o primeiro exemplar publicado em 7 de setembro de 1921, O Paladino registrou a Segunda Guerra Mundial, entre outros acontecimentos que informavam a população. A fundação do periódico significava progresso para a cidade e, mais de 100 anos depois, suas páginas passaram por digitalização, para se tornarem acessíveis à comunidade.

O processo de catalogar os materiais é feito em parceria com o Centro de Memória, Documentação e Pesquisa do Museu de Ciências (CMDPU/MCN) da Univates, por meio do Termo de Empréstimo para fins didáticos.

Supervisora do CMDPU/MCN, Patrícia Schneider explica que, desta forma, o acervo ficará no centro por 18 meses. No período, os materiais podem ser consultados por pesquisadores e alunos da instituição. Em contrapartida, a equipe de historiadores faz a digitalização para disponibilizar os materiais em PDF para consulta online.

De acordo com Patrícia, o acervo compreende oito encadernações contendo os jornais de 1921 a 1941. Ela destaca que há um período faltando, de 1933 a 1935 e 1939 a 1941. “Também será digitalizado um livro de visitas que era colocado para assinaturas, sempre em setembro de cada ano, no mês de aniversário do O Paladino, que tem visitas registradas de 1921 a 2021”, conta Patrícia.

A historiadora destaca que parte do material já foi levantado e, de 1921 a 1941, período de funcionamento do jornal, passaram para assinar o livro, quase 800 pessoas. Depois de digitalizado, o acervo fica disponível na página do O Paladino (www.opaladino.com.br) e na página do CMDPU/MCN.

“É importante destacar que é um período interessante da história regional. O jornal funcionou de 1921 a 1941, no período entre guerras mundiais. Teremos informações das décadas de 1920 e 1930 não só de Estrela, mas provavelmente também da região, pois era um dos poucos jornais de circulação no incipiente Vale do Taquari. A equipe está curiosa e empolgada com o trabalho”, diz Patrícia.

História preservada

O acervo do antigo jornal, que ficava onde hoje é sede do jornal Nova Geração, em Estrela, foi preservado por Luiz Roque Schwertner, apaixonado pela história regional e da empresa que comandava ao lado da esposa, Mariza Maria Feldens Schwertner.

No início, o periódico da família Schwertner tinha uma tiragem de 400 exemplares. No fim, chegou a 5 mil. O Jornal O Paladino, com o passar dos tempos, se transformou na O Paladino Livraria e Papelaria, onde Mariza ainda trabalha.

Ela conta que quando o marido morreu, em 2022, a família se preocupou em preservar o legado criado por ele, de um jornal que também passou pelas mãos do pai, Aloysio Schwertner.

Antes disso, no entanto, O Paladino era um jornal semanal, fundado por António Cardoso, uma liderança em Estrela no início do século passado. Político do Partido Republicano, Cardoso era um intelectual da época, com atuação social, religiosa e empresarial. Ao lado do irmão Timóteo Cardoso, manteve a empresa na área jornalística até 1933.

Foi a partir daí que a família Schwertner entrou no negócio, iniciando a transformação da empresa, passando a trabalhar também com gráfica e papelaria. Influente em toda a região do Vale do Alto Taquari, logo o local passou a ofertar livros.

Em 1939, Aloysio Schwertner tornou-se o único proprietário e dinamizou os negócios. O jornal ganhou novos colaboradores, passou a ser composto em modernos caracteres de chumbo (tipos), e chegou a ter tiragem de 1,5 mil exemplares semanais.

A papelaria O Paladino tem sua história ligada ao primeiro jornal da cidade. Em 1941, o periódico encerra as atividades, mas a gráfica e a livraria e papelaria continuaram.

O futuro da coleção

Depois de digitalizar o acervo dos antigos jornais, Mariza diz que a ideia é doar os periódicos ao Memorial de Estrela. “Muita gente já quis comprar, mas faz mais sentido que essa história seja preservada no Memorial”, defende.

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