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ECONOMIA

Pequenos negócios demonstram força econômica regional

Empreendimentos são responsáveis por mais de 53 mil postos de trabalho e renda anual superior a R$ 103 milhões. Levantamento mostra e relevância ao empreendedorismo e para o desenvolvimento socioeconômico

Juliane Fantin abriu floricultura há quatro anos e saiu do modelo MEI para ampliar equipe e faturamento (Foto: Divulgação)

As pequenas empresas representam 92,9% dos negócios da região e empregam 53,6 mil trabalhadores. Essa força econômica do Vale do Taquari corrobora com estudo nacional divulgado ontem pelo Sebrae, onde os pequenos negócios assumem protagonismo na retomada econômica.

Os dados regionais mostram que esses empreendimentos somam mais de 38,9 mil CNPJs. Essas empresas geram renda anual de R$ 103,2 milhões e contribuem na abertura progressiva de vagas de trabalho.

Entre as diferentes classificações de empresas, o número de Microempreendedores Individuais (MEIs) se sobressai. São 19,1 mil cadastros ativos na região. Embora o modelo de tributação tenha contribuído para a formalização, profissionais da contabilidade alertam para a precarização do trabalho.

Além do incremento constante de MEIs, a região cresceu em números gerais de negócios. Os dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) indicam que em cinco anos foram criados 4,3 mil empreendimentos, desde microempresas, empresas de pequeno porte, médias e grandes.

Com esse desempenho, são mais de 41,9 mil cadastros ativos no Vale do Taquari. Juntas empregam 89,6 mil profissionais e geram renda anual de R$ 182,1 milhões. As cidades que registram o maior número de empresas são: Lajeado (13,2 mil), Estrela (3,9 mil) e Teutônia (3,6 mil).

Diversidade regional

As pequenas empresas têm papel fundamental no desenvolvimento econômico da região e contribuem no equilíbrio do mercado, conforme análise da economista Fernanda Sindelar. “Quanto mais empreendimentos tivermos, mais justa é a participação e competitividade, o que reflete no preço dos produtos e serviços.”

Ao mesmo tempo, esses negócios empregam contingente expressivo. “São empreendimentos responsáveis pela maior parte dos empregos formais na região e isso mostra uma importância, um compromisso social muito forte”, pondera Fernanda.

Outro movimento constatado pela economista foi a abertura de empresas durante o momento mais crítico da pandemia, entre 2020 e 2021. Fernanda considera o período como decisivo para muitas famílias na geração de renda e por isso desenvolveu com força o senso empreendedor.

Esses novos negócios ampliam o portfólio regional e vão ao encontro de características culturais. “São empreendimentos que permitem um atendimento personalizado e muito mais próximo comparado a grandes organizações”, reitera Fernanda.

A valorização dos empreendimentos locais, muito disseminada por campanhas durante os períodos restritivos, permite um melhor equilíbrio econômico em momentos difíceis.

Ainda conforme Fernanda, apesar dos impactos com a escassez de matéria-prima e elevação de preços, a capacidade de adaptação é um diferencial dos pequenos negócios.

Reforma tributária

A modalidade do MEI, criada como ferramenta de inclusão social, é considerada por profissionais da área contábil como uma forma de precarizar o trabalho. Ao mesmo tempo em que é uma oportunidade de sair da informalidade, especialistas alertam ao uso deste formato para burlar o sistema de tributação.

Na avaliação do contador Rui Mallmann, a reforma tributária se torna urgente. “Se houvesse a desoneração da folha de pagamento, sem dúvida a realidade seria outra. Enquanto isso não mudar, o próprio governo incentiva práticas que comprometem, inclusive, a arrecadação dos municípios.”

Conforme Mallmann, além do aspecto de tributação, a contratação de MEI que caracterize vínculo empregatício pode penalizar o empregador. “Hoje não há fiscalização suficiente, por isso, apenas uma mudança na legislação pode resolver essa situação.”

Motivação para empreender

Após 30 anos de trabalho em instituição financeira, Juliane Fantin decidiu empreender. Em abril de 2018 abriu uma floricultura no bairro São Cristóvão, em Lajeado.

O empreendimento era algo no qual sempre sonhou. No começo, optou pelo formato MEI, mas o modelo limitava o número de funcionários e o faturamento.

“A demanda cresceu muito durante a pandemia e com isso tive de ampliar a equipe”, ressalta Juliane. Ela chegou a abrir uma filial no Centro, mas com a dificuldade de mão de obra e aumento de custos optou por centralizar as operações em um único local.

Hoje, além do marido que auxilia na gestão da empresa, ela conta com uma funcionária e tem nas vendas virtuais 70% dos negócios. Juliane planejava nova expansão do empreendimento, mas diante de instabilidade com custos logísticos decidiu manter o formato atual.

Empreendimento familiar

Há 19 anos a família de Alexandre Schroeder é proprietária de ótica e relojoaria na rua Júlio de Castilhos, em Lajeado. O modelo de negócio é característico na região e representa um número expressivo de empreendimentos do Vale do Taquari.

Conforme Schroeder, eles chegaram a ter funcionários, mas por conta das restrições na pandemia reduziu o quadro de profissionais e manteve apenas a força de trabalho familiar.

“O movimento oscila muito, por isso fica difícil de fazer projeções para o futuro da empresa. Por enquanto, avaliamos dia a dia para traçar as estratégias e atender nossos clientes da melhor forma.”

Cenário nacional

– O estudo do Sebrae indica que 71% dos donos de micro e pequenas empresas têm no seu negócio a única fonte de renda familiar. Quando consideradas as MEIs esse percentual é ainda maior e chega a 78%.

– A renda familiar mensal do MEI é R$ 4.180, o que faz com que esse grupo injete R$ 140 bilhões na economia brasileira no ano.

– Os donos de microempresas e empresas de pequeno porte têm renda mensal média familiar de R$ 10.871, essa população gera R$ 280 bilhões.

– A região Sul é onde existe a maior proporção de donos de negócio que contribuem para a Previdência. RS, PR e SC também apresentam maior proporção de donos de negócio que estão na atividade atual há mais de dois anos, esse percentual chega a 83%.

Perfil regional

41,9 mil empreendimentos

92,90% = pequenos negócios

7,10% = médias e grandes empresas

Total de empregados

Pequenos negócios  = 53,6 mil
Médias e grandes empresas = 36 mil

Renda gerada por ano

Pequenos negócios = R$ 103,2 milhões
Médias e grandes empresas = R$ 78,9 milhões

Expectativas sobre os negócios no RS

50% Manter

41% Expandir

3% Reduzir

6% Encerrar

Fonte: Pesquisa Sebrae/RS

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