Jornal Nova Geração

OPINIÃO

Planejando a safra 2023/2024 (parte 1)

"É preciso mais atenção ao que está embaixo dos nossos pés. O solo, quando é bem servido, devolve produção e sustentabilidade”

Com a aproximação do inverno e as colheitas de safra e safrinha chegando ao fim, chega a hora de reorganizar as contas e iniciar o planejamento da próxima safra.

Em função da segunda estiagem consecutiva, os resultados obtidos nas lavouras da região sul nos levam a algumas avaliações. Afinal, a falta de chuva não é o único fator responsável pelos números finais obtidos por hectare. O manejo adotado a médio e longo prazo tem influência direta sobre esse resultado.

Qual a estratégia ideal que vamos implantar para amenizar esses impactos financeiros negativos e qual manejo adotar da porteira pra dentro?
Lembrando sempre que criar estrutura ou perfil de solo leva tempo, ou seja, exige planejamento de longo prazo.

Se toda riqueza gerada brota do solo e sem ele pouco se pode produzir, quanto estamos investindo nele para amenizar esses impactos?

Em nossa propriedade, optamos pela redução da área de trigo para 25% (redução de 15% em relação a safra passada) em função da previsão de El ninho de grande intensidade. Nesta área em que será semeado o trigo no final de junho plantei nabo forrageiro imediatamente após a colheita da soja. Esse procedimento tem dois propósitos: reciclar nutrientes e disponibiliza-los para a cultura do trigo e manter o solo coberto e protegido. A cultura do Nabo ou qualquer outra cobertura como as aveias, centeio e ervilhaca são consideradas de serviço.

Os demais talhões receberam sementes de coberturas consorciadas com as seguintes combinações.

Na lavoura de milho, projetada em 25% da área de verão, semeamos a combinação (Mix de plantas) de Aveia 65%, centeio 20% e nabo forrageiro 15% sendo utilizados 45 kg de sementes por há.

São muitos os benefícios deste consórcio pré milho e a reciclagem de Nitrogênio, Fosforo, Potássio e Enxofre. Além, da elevada capacidade de descompactação do solo proporcionada pela diversidade de raízes, a adição de biomassa em superfície, desenvolvimento e manutenção de inimigos naturais e uma rápida disponibilização de nitrogênio, imprescindível para cultura do milho.

Já nos talhões destinados a cultura da soja Verão, o Mix escolhido tem outra combinação, Aveia 53% Centeio 40% e Ervilhaca 7% sendo também utilizados 45 kg por há.

Assim como no Mix anterior são vários os benefícios deste consórcio de plantas de serviço como por exemplo, grande produção de massa, fixação biológica e reciclagem de magnésio, e maior cobertura de palha no verão amenizando altas temperaturas e segurando ervas daninhas.

Do ponto de vista técnico e econômico, é fundamental este investimento na entre safra pois isto garante um sistema de plantio regenerativo, atuante e sadio, uma vez que nesse modelo de produção visamos a diminuição e uso dos químicos seja na adubação como nos defensivos.
Trazendo assim de volta aos talhões de forma gradativa a diversidade e harmonia biológica da nossa lavoura, onde o objetivo principal está focado na rentabilidade liquida pro produtor

É preciso mais atenção ao que está embaixo dos nossos pés. O solo, quando é bem servido, devolve produção e sustentabilidade.
Nós agricultores somos parceiros da natureza, pois plantamos no tempo dela, tratamos quando ela exige e colhemos quando ela permite.

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