O aumento da pobreza tem como maior reflexo a busca por auxílios sociais. A pandemia e a consequente queda na empregabilidade são protagonistas nesse processo. Nos últimos dois anos, a população que vive com menos de meio salário-mínimo aumentou 41,1% na cidade.
Conforme dados do Ministério da Cidadania, 938 famílias do município têm renda mensal abaixo de R$ 178, em situação de pobreza ou extrema pobreza. Os números do Cadastro Único (CadÚnico) indicam que 2.615 pessoas estão nessas condições – o equivalente a 7,5% dos 34.669 moradores de Estrela, em estimativa do IBGE datada de 2021. Ao todo, 2.196 famílias – ou 5.282 pessoas – estão cadastradas no órgão federal, com renda de até meio salário-mínimo.
O valor médio do benefício no programa Auxílio Brasil para os moradores é de R$ 229,38, de acordo com relatório do ministério. As famílias inscritas no CadÚnico também recebem o chamado vale-gás, de R$ 51 a cada dois meses.
Menos emprego, mais procura
Os Centros de Referência em Assistência Social (Cras) registraram aumento na procura por cestas básicas, este um benefício eventual, concedido mediante acolhida e análise individual. “Passamos dois anos distribuindo sem muito critério, em função da pandemia, mas temos que retomar critérios”, explica Tatiana Oliveira, diretora de desenvolvimento social.
Um dos fatores apontados pela assistência social para a maior demanda é a redução do emprego formal. Parte da população ficou sem renda fixa declarada e foram enquadradas na situação de extrema pobreza. “Tem famílias com dificuldades de se organizar em tudo. Filhos retornaram à escola, pais não conseguiram voltar ao trabalho e vivem apenas do Auxílio Brasil”, relata Tatiana.
Outra forma de atendimento lembrada é a parceria com entidades não-governamentais. O secretário da Saúde, Celso Kaplan, cita o Lions Club como exemplo de trabalho para arrecadação de alimentos e auxílio para famílias vulneráveis. “Eles entregam ranchos, mas também visitam e ajudam a encaminhar. Não é só assistencialismo.”
Serviços com pouca adesão
Tatiana cita a dificuldade que o público-alvo da assistência social tem para acessar alguns serviços. São oferecidas oficinas, serviços de convivência e cursos intermediados pelo setor, mas a procura é considerada pequena.
“A população não procura, mesmo com busca ativa. Temos oficinas de artesanato, por exemplo, com 10 vagas, e algumas vezes só duas pessoas participam.”
Para acertar as estratégias de acolhida, o governo prevê a descentralização dos atendimentos no Centro e bairro Moinhos. O departamento tentou formar turmas para atividades no CTG do bairro Boa União e no salão da comunidade católica do bairro das Indústrias, sem sucesso.
Tatiana atribui a pouca adesão a questões típicas de localidades mais vulneráveis – desde uso de drogas e marginalização, até necessidade de focar nos cuidados de casa. E faz um chamado para a população. “Temos equipes contratadas para a maior parte das atividades, então precisamos de pessoas buscando os serviços. Chegou a hora de voltar a vida normal”, finaliza.