Jornal Nova Geração

Receitas que transmitem amor e geram renda

(Fotos: Larissa Santos)

O Centro de Referência da Assistência Social (Cras) de Fazenda Vilanova iniciou em julho o projeto psicossocial e continuado, Sabores e Afetos. Voltado para pessoas em situação de vulnerabilidade, a iniciativa busca promover um espaço participativo para a troca de experiências e reflexão sobre a realidade e, assim, transformar o contexto social em que estão inseridos.

Os encontros duram uma hora e trinta minutos, nas sextas-feiras, no Cras. Cerca de 50 pessoas estão inscritas e participam em forma de rodízio devido à pandemia. Integram o grupo de culinária, crianças de 12 anos até idosos de 84. Todos são assistidos por algum outro programa do Centro.

Conforme a técnica de referência e psicóloga, Josiani Schmidt, além das receitas, é observado os benefícios, a sustentabilidade e o reaproveitamento dos alimentos. “Tudo que normalmente as pessoas não utilizam, como folhas, a gente aproveita. Ensino a fazer bolo, caldo e sopa. São receitas práticas e nutritivas”, conta.

Psicóloga ensina receitas e promove rodas de conversa e reflexão

Como funciona

Experimentar um prato e lembrar de algo que remete à infância ou adolescência. O Sabores e Afetos trabalha não só a parte nutricional, mas também as emoções. “Enquanto a receita não fica pronta, conversamos e fazemos uma rodada de perguntas. Sempre trago uma reflexão por meio de uma fábula ou história para eles pensarem. Essa troca que acontece no desenvolver do prato é muito produtiva”, afirma.

O projeto é dividido em quatro módulos. O primeiro é conhecer os alimentos, e mostrar o cuidado e o carinho que precisam ter. Em seguida, tem a experiência prática, ao produzir o prato e trabalhar as emoções. A terceira etapa é reaproveitar os alimentos e, em conjunto, mostrar formas de reconstruir a história dos usuários. Por fim, práticas diárias e promoção de novas habilidades e conhecimentos. O município conta com um horto. Muitos dos alimentos usados no projeto vêm do local.

Benefícios

Por meio do Grupo de Culinária, se busca estimular a autonomia, motivar os projetos e sonhos de cada um, além de orientar na construção e reconstrução de suas vivências. “Trabalhamos no fortalecimento dos vínculos e no empoderamento de acordo com o ciclo de vida e realidade deles. Queremos mostrar que podem sair do contexto onde estão”, salienta Josiani.

Segundo a coordenadora do Cras, Liliana de Souza, o projeto traz ainda as usuárias para o convívio e socialização, além de mostrar alternativas para elas se auto sustentarem de alguma forma. “Nossa intenção é de que essas pessoas aprendam a utilizar as receitas para um benefício próprio também, ao gerar renda com isso. É por isso que ele é tão importante e necessário para quem está em situação de vulnerabilidade”, observa.

Coordenadora do Cras destaca que o projeto busca trazer mais convívio e socialização, além de criar formas para usuárias se auto sustentarem

Mão na massa

“No Cras já fiz de tudo: crochê, tricô, gastronomia e pintura. Embora a gente faça muita receita em casa, aqui compartilhamos ideias com os outros. Não é só fazer, conversamos. A gente usa resto de alimento que nem sabia que podia aproveitar.” – Nelsa Vargas, de 75 anos

Irene e Nelsa participam do grupo de Culinária do Cras

“É uma espécie de reciclagem, porque às vezes cai no esquecimento e, com o grupo, conseguimos lembrar. A convivência com os colegas e a professora está fazendo muito bem, ainda mais depois de um ano difícil como 2019, que não podíamos nos reunir.” – Irene Cardoso, de 79 anos

Compartilhar conteúdo

PUBLICIDADE

Sugestão de pauta

Tem alguma informação que pode virar notícia no Jornal Nova Geração? Envie pra gente.

Leia mais: