Com propósito de avaliar o leito do Rio Taquari, as seis comportas da Barragem Eclusa, em Bom Retiro do Sul, foram abertas na quarta-feira, 14. A iniciativa promovida pelo governo estadual prevê ações de monitoramento e análise das condições do manancial. O nível do rio deve permanecer em cerca de 11 metros até sábado, 17, quando a vazão da água deve voltar a velocidade normal.
Desde ontem, as ações de diagnóstico do Rio Taquari avançam pelos municípios. Nos próximos dias, atividades de análise serão executadas, com prioridade para as áreas mais afetadas. No sábado, a limpeza segue com a participação de voluntários em embarcações. Em Estrela, a equipe do Departamento de Meio Ambiente fez a primeira análise com apoio do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Patram. Segundo a diretora Tanara Schmidt, foi constatada a presença de cascalho e areia em alguns pontos do leito do rio, com formação de ilhas. Além disso, árvores de grande porte ficaram presas nas encostas.
“São itens que vamos conseguir tirar somente com maquinário. Fizemos o mapeamento com informações de coordenadas geográficas para encaminhar à Secretaria de Meio Ambiente. Existem sim alguns pontos com necessidade de desassoreamento, mas outros pontos estão com o leito normal”, avalia.
A diretora reforça que o trabalho feito ao longo dos dias será documento e encaminhado ao governo estadual para compor os estudos referentes às condições do Rio Taquari. Além das embarcações, o município também fez o uso de drones para captar imagens aéreas do trecho percorrido. A ação faz parte do Programa de Desassoreamento do Rio Grande do Sul, que integra o Plano Rio Grande. Assim como Estrela, outros municípios da região também promovem atividades de diagnóstico. Na ocasião, serão removidos resíduos de menor porte decorrentes das enchentes de maio deste ano.
“Entendemos que esse momento é importante para identificar pontos de acúmulo de materiais. Os voluntários foram orientados a mapear os entulhos, junto às equipes, para que posteriormente seja feita a remoção do leito”, comenta a secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann.
A análise desse monitoramento poderá ser incluída nos estudos de batimetria dos rios de médio e grande porte, que estão em andamento pelo Dnit. “Esse trabalho de diagnóstico não é uma batimetria ou desassoreamento. É para entender como ficou a calha após as cheias. Com o rebaixamento em dois metros, podemos identificar esses pontos”, esclarece Marjorie.
Destroços ficam à vista
Além de ilhas de cascalho e árvores de grande porte, destroços ficaram visíveis. Com a redução em mais de dois metros do Rio Taquari, parte da balsa, que colidiu na ponte da BR-386 no ápice da enchente, emergiu em meio manancial. A reportagem entrou em contato com a Lacel, empresa responsável por identificar a embarcação. A possível balsa está em frente aos silos do Porto de Estrela.
A balsa em questão começou a operar em janeiro deste ano, depois que a enxurrada de setembro de 2023 derrubou a ponte da RS-431, entre São Valentim do Sul e Santa Tereza. Com a enchente de maio, a balsa se desprendeu do atracadouro e foi arrastada pelo rio, passando pelos municípios de Muçum, Roca Sales, Encantado e Arroio do Meio.
Ponte não oferece riscos
O momento também foi de vistoria na estrutura da ponte sobre o Rio Taquari, entre Estrela e Lajeado. Uma engenheira contratada pela CCR ViaSul analisou as condições dos alicerces e a presença de rachaduras em um dos pilares centrais chamou a atenção. Por meio de nota, a concessionária afirma que não há risco aos usuários.
De acordo com a CCR, foram identificadas quatro estacas que precisam de reforço estrutural. A empresa destaca que será feita uma avaliação para analisar a integridade das estacas também ao longo do comprimento submerso, para determinar quais ações necessárias. As intervenções devem ocorrer ao longo desta sexta-feira.
Sobre o plano estadual
O Programa de Desassoreamento do Rio Grande do Sul (Desassorear RS) tem como objetivo promover o desassoreamento e limpeza de arroios, canais de drenagem e sistemas pluviais de municípios atingidos pelas cheias. As ações incluem a criação de normativas modelos, capacitação de técnicos municipais e alocação de recursos financeiros para a contratação do maquinário necessário para o trabalho.
A iniciativa é dividida em dois eixos. O primeiro é voltado aos arroios e canais de drenagem, enquanto o outro modelo abrange rios e canais pluviais de grande porte. O cadastro de projetos ocorre até 27 de agosto. Em Estrela, os dados relacionados aos arroios já foram encaminhados ao governo estadual.