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CAGED

Saldo de empregos em novembro alerta sobre queda nas contratações

Resultado entre admissões e desligamentos é o menor registrado durante o ano. Ainda assim, número é positivo e tem na indústria e setor de serviços os melhores desempenhos

Foto : Jonathan Campos / AEN

A região se aproxima da marca de 7 mil postos de trabalho abertos no decorrer do ano. Mesmo com menor desempenho em novembro, são onze meses de saldo positivo. Os dados constam no relatório do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem, pelo Ministério do Trabalho e Previdência.

No mês de novembro foram apenas 18 novas vagas criadas. Esse resultado é obtido pela diferença entre as 4.095 contratações e 4.077 demissões no período. Das 38 cidades do Vale do Taquari, 17 registraram saldo positivo, enquanto 16 fecharam o mês com desempenho negativo. Em outras cinco, o número de novos contratos e desligamentos se manteve igual.

Entre os municípios que se destacam no saldo positivo, estão Lajeado (57), Estrela (46) e Encantado (43). Já na outra ponta do relatório, Muçum (-65) teve o maior número de desligamentos no comparativo às contratações. Na sequência aparecem: Poço das Antas (-49), Teutônia (-25) e Bom Retiro do Sul (-20).

O relatório também indica o desempenho do ano por atividade econômica. Os setores da indústria e serviços são responsáveis pelo maior saldo do emprego formal. Por outro lado, o segmento da agropecuária demitiu mais do que contratou.

Já o perfil dos trabalhadores admitidos, que considera as seis maiores cidades do Vale, revela a predominância de homens entre 18 e 24 anos com Ensino Médio completo. A maioria está ligada às empresas de produção de bens e serviços industriais.

Custo de produção impacta indústrias

A economista Cintia Agostini atribui a redução do ritmo de contratações aos impactos do setor industrial. “A volatilidade do mercado global, menor consumo interno e alta nos custos de produção refletem no desempenho das indústrias e suas contratações.”

Mesmo assim, ela considera que há oportunidade de recolocação de profissionais em outros setores. Outro aspecto observado é o cenário de incertezas vivido por empresários por conta da troca de governo. “Tanto em nível federal quanto estadual vão ocorrer mudanças. Os investidores aguardam para ver como será o novo cenário para decidir se vão contratar.”

Cintia ainda observa a rápida retomada de investimentos registrada no Vale do Taquari desde a pandemia. “Não podemos usar como parâmetro os últimos dois anos. Houve aceleração nas contratações para suprir demandas em diferentes áreas.” Ainda assim, Cintia alerta para o desempenho do agronegócio. A interferência das condições do tempo na próxima safra é considerado um risco ao setor da industrialização de alimentos, em especial na área de carnes.

Rotatividade nos frigoríficos

O saldo dos postos de trabalho no mês de novembro já tem reflexos da redução do quadro de funcionários anunciado pela Languiru. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias e Cooperativas da Alimentação de Estrela (Stica), Pedro Mallmann, houve demissões e as vagas ficaram em aberto.

“A rotatividade nos frigoríficos é grande. Todo mês há várias demissões e contratações. O diferencial agora é que não houve reposição. Isso ocorreu por conta da estratégia de cooperativa em cortar custos”, ressalta Mallmann.

Ainda assim, há interesse por parte de outras empresas em contratar esses profissionais. “Já houve pedidos da BRF e JBS. Além disso, indústria do ramo metalúrgico também está interessada em captar mão de obra dispensada na área de proteína animal”, detalha Mallmann.

Mão de obra feminina

“Terminamos o ano em alta e com demanda de mão de obra”, avalia o proprietário de um atelier calçadista de Teutônia, Vanderlei Weiand. Apesar dos dados do Caged, o empresário não percebeu um movimento de demissões, mas acredita que 2023 será um ano para ter cautela.

Hoje, o atelier possui 180 funcionários, sendo 70% mulheres, o que vai de encontro ao perfil dos trabalhadores observados a partir do Caged em Teutônia. Weiand relaciona isso ao trabalho do setor, considerado mais leve. Na região, a área calçadista também apresenta mais de 70% dos trabalhadores do sexo feminino. No vestuário, quase 100% dos funcionários são mulheres.

Informalidade

Para o presidente do Sindicato das Indústrias Calçadistas e do Vestuário de Teutônia e Região (Siticalte), Roberto Müller, 2022 foi um ano importante para as empresas do setor, que não apresentaram jornadas reduzidas de trabalho e, pelo contrário, observaram um aumento na produtividade.

Müller acredita que o saldo negativo do setor em novembro pode estar ligado ao maior número de contratos informais. “Com a Reforma Trabalhista aliada à Reforma da Previdência, muita gente acaba desistindo de assinar a carteira. Temos muitas pessoas na informalidade hoje”, destaca.

Outro fator observado é que as empresas não costumam fazer novas contratações no fim do ano e deixam para os meses seguintes. “Com relação às feiras que tivemos e os pedidos, a retomada será boa. A projeção é de começar o ano muito bem”, acredita Müller.

Geração de empregos no RS

O relatório mensal também indica saldo positivo pelo 11° mês consuntivo no RS. Em novembro, o estado criou 11,6 mil vagas no mercado de trabalho. A exemplo do registrado no Vale, o desempenho também é menor frente ao registrado em outubro.

Na avaliação por setores, comércio e serviços lideram na geração de vagas. Apenas a indústria teve resultado negativo entre os segmentos no mês passado. Na comparação com outros estados, o RS é o terceiro com maior saldo, fica atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.


EMPREGABILIDADE NO VALE DE JANEIRO A NOVEMBRO DE 2022

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