O Seminário Pensar o Vale, promovido pelo Grupo A Hora em parceria com o Colégio Teutônia, reuniu especialistas, autoridades e produtores rurais para discutir os desafios climáticos enfrentados pelo setor agropecuário no Vale do Taquari. A região, conhecida pela suinocultura, avicultura e pecuária leiteira, enfrenta dificuldades devido à inconstância climática, com secas extremas e chuvas intensas impactando negativamente a produção.
Nos últimos quatro anos, os agricultores enfrentaram duas safras frustradas pela estiagem e três grandes inundações. Diante desse cenário, o seminário teve como objetivo debater as mudanças necessárias para tornar as propriedades rurais mais resilientes e sustentáveis. O evento foi marcado por dois painéis centrais que discutiram as interferências das mudanças climáticas e as estratégias para enfrentar os impactos no campo.
A questão da irrigação foi um dos temas mais debatidos. Atualmente, menos de 2% das propriedades no Vale do Taquari possuem sistemas de irrigação, o que coloca em evidência a necessidade de soluções alternativas. Antônio Sartori, diretor da Brasoja, destacou que a irrigação em larga escala é inviável na região devido aos altos custos e à complexidade dos projetos. Ele sugeriu que o manejo adequado do solo pode ser uma solução mais viável para melhorar a produtividade.
O geólogo e economista Rogério Ortiz Porto reforçou a ideia de que o tipo de terreno no Vale do Taquari torna a implementação de sistemas de irrigação uma tarefa difícil e cara. Ele propôs a criação de pequenos reservatórios de água como uma alternativa mais acessível, respeitando as características de cada propriedade.
Sérgio Diefenbach, promotor de Justiça e membro do grupo de estudos de mudanças climáticas do Ministério Público, destacou a necessidade de uma abordagem coletiva para enfrentar os desafios climáticos na região. Ele enfatiza que o seminário abordou tanto questões globais quanto soluções técnicas aplicáveis às propriedades rurais, ressaltando a importância de entender o sistema interligado do ecossistema regional.
O seminário foi bem recebido pelos participantes, que reconheceram a importância de debates como este para o futuro do Vale do Taquari. Diefenbach expressou o desejo de que o evento se repita em outras esferas, promovendo uma compreensão mais ampla dos desafios e das possíveis soluções para a sustentabilidade no campo.