O 15 de abril é marcado pelo Dia Nacional da Conservação do Solo. “Falar em conservação do solo e ter um dia nacional serve para chamar a atenção a esta pauta, muitas vezes esquecida, e dar a devida importância para este tema, que afeta o nosso dia a dia”, destaca engenheira agrônoma e doutora em fitotecnia, Mara Cíntia Winhelmann.
O solo está no cotidiano da população e tem grande importância para manutenção da vida no planeta. Além da produção de alimentos, serve para obras de engenharia e especialmente para regulação do clima.
Durante os períodos de chuva, o solo faz toda a filtragem e armazenamento de água. “Se não tiver um manejo adequado, muito compactado, por exemplo, a água não vai infiltrar de forma adequada, o que prejudicará o armazenamento no lençol freático, compro- metendo o ciclo da chuva, a absorção pelo solo e o reabastecimento do lençol freático.”
Conforme a engenheira agrônoma, um dos fatores que contribui para inundações nas áreas urbanas é a quantidade de ruas asfaltadas, que impermeabilizam o solo. A pavimentação com bloquetos de concreto minimiza o impacto, mas não resolve o problema. Para Mara, as cidades deveriam ter áreas verdes e um sistema de escoamento mais eficaz.
Encostas
Muitas vezes, os deslizamentos de terra ocorrem em encostas. Mara observa que o código florestal protege as encostas de morros. Por estarem cobertas de vegetação nativa, estarão protegidas, porque as raízes seguram o solo, e as copas das árvores reduzem o impacto da chuva. Os deslizamentos geralmente ocorrem por conta da retirada da vegetação e por ocupações irregulares.
Agricultura
Antes de iniciar o plantio de qualquer cultura é necessário observar a topografia e o zoneamento agroclimático, que determina qual produção é mais adequada em uma região. Quanto ao solo, a engenheira agrônoma destaca: “Há indícios visuais, como pedregulhos e rochas. O solo é um organismo vivo, com minhocas, fungos, insetos. Até as plantas que estão nes- te solo dão indícios do que cultivar.”
Em relação aos nutrientes, é possível fazer uma análise química e, conforme o resultado, fazer a correção.
Contaminantes
“A região do Vale do Taquari possui um dos solos mais férteis do Rio Grande do Sul”, afirma. São áreas que favorecem a agricultura. Porém, é necessário o manejo adequado para continuar a produção de alimentos de qualidade. “Assim como faziam os nossos antepassados.”
Ela cita como fundamental o uso adequado dos dejetos, dos agroquímicos e dos adubos.
ENTREVISTA | Mara Cíntia Winhelmann, engenheira agrônoma
Viver Cidades: Na nossa região, a mata ciliar está bastante degradada. Quais são os impactos da falta de preservação?
Mara Cíntia Winhelmann: A mata ciliar serve de proteção para a margem dos rios. Sem ela, ocorre erosão, pois a mata
ciliar “segura” e retém a água reduzindo a velocidade do fluxo, fazendo com que a água penetre no solo. Se essa proteção for removida, ocorre um aumento na velocidade da água, que não infiltra, acaba “lavando” as margens, causa erosão e desmoronamento de barrancos.
Em áreas urbanas, o que cada cidadão pode fazer para contribuir com o ciclo da chuva, absorção pelo solo e reabastecimento do lençol freático?
– Nas áreas urbanas é interessante fazer a coleta de água da chuva para utilizar na irrigação de jardins e hortas, lavagem de calçadas e carros, por exemplo. Isso já contribui para reduzir o volume de água que vai para os rios e também evita usar água tratada, que tem custo. Assim como manter áreas verdes. Evitar a impermeabilização do solo, cobrindo totalmente com asfalto e concreto para que essa água consiga infiltrar e não ocorra o escoamento superficial.
Como evitar a contaminação do solo, seja por efluente ou outros contaminantes?
– É muito importante que cada cidadão faça o descarte adequado de lixo, pois quando descartado de forma inadequada, como em terrenos baldios, causa a poluição do solo e da água. Da mesma forma, as indústrias devem ter licença ambiental de acordo com sua atividade e dar a destinação adequada aos resíduos gerados.
